“Compreensão geracional é o novo treinamento sobre diversidade“, diz Sharalyn Orr, diretora executiva da Frank N. Magid Associates, empresa que realizou uma pesquisa que revelou que 52% dos profissionais afirmam que são menos propensos a se relacionar bem com pessoas de outra gerações.
Trabalhar com pessoas de todas as idades tornou-se essencial no ambiente multigeracional de hoje, uma vez que o mercado de trabalho hoje é composto por três ou mais gerações, construindo um ambiente de pluralidade como nunca visto antes.
As organizações que não aproveitam a possibilidade da colaboração entre as gerações se arriscam a se tornarem irrelevantes ou obsoletas, aponta o estudo da Deloitte entitulado “Generation Y: Powerhouse of the Global Economy” em 2009.
No entanto, uma pesquisa feita pela Amcham Brasil mostra que 75% das empresas do país enfrentam problemas relacionados aos conflitos de gerações no ambiente de trabalho – um número bastante significativo e que representa a realidade de várias empresas que atuam no Brasil.
Quais caminhos a empresa pode seguir para lidar com a diversidade geracional? Como evitar conflitos e usar as diferenças para potencializar os benefícios gerados pelos diferentes pontos de vista?
As principais gerações hoje: Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z
Antes de detalharmos possíveis caminhos para gerir um ambiente multigeracional, é importante relembrarmos que, atualmente, as gerações com maior volume no mercado de trabalho são: Geração Baby Boomers, Geração X e Geração Y (também chamados de millennials).
Parte da solução para os conflitos geracionais começa na identificação e compreensão empática desses grupos para, então, saber lidar com cada uma delas. Claro que, ao delimitar e pontuar certas características geracionais, é fundamental lembrarmos de fugirmos dos estereótipos, que reforçam os vieses inconscientes e criam um padrão nocivo e prejudicial para um ambiente realmente colaborativo. Na realidade, diversos estudos mostram que as gerações valorizam e querem as mesmas coisas, a grande diferença é que as prioridades, expectativas e comportamentos variam de forma visível. Ou seja, elas expõem suas necessidades e visões dependendo do contexto de quando e como foram criadas.
Uma vez feita essa importante ressalva, vamos entender algumas características:
- Geração Baby Boomers (1946-1964): são os nascidos logo após a Segunda Guerra Mundial, um momento de prosperidade, estabilidade econômica e alta taxa de natalidade, gerando um “boom” populacional (daí o nome “baby boomers”). Essa é uma geração que permaneceu como o maior grupo exclusivo de pessoas com um legado cultural, político e econômico sem precedentes, dominando o panorama em todas as etapas de suas vidas. Esta é uma geração que viu marcantes eventos históricos como a ida do homem à Lua, o nascimento da Guerra Fria, a tensão da Ditadura Militar; além de ter sido responsável por movimentos como a luta pelos direitos civis, pela liberdade sexual, entre outros protestos dos anos 60. Algo que uniu os baby boomers de forma inigualável foi a televisão, uma vez que foram os primeiros a crescer na frente a este meio de comunicação, possibilitando que compartilhamentos de eventos históricos e marcos culturais estabelecessem um vínculo nunca antes experimentado por nenhuma geração anterior. Atualmente, há uma expectativa de mudança no paradigma pela forma que os boomers vão encarar a aposentadoria: trabalhando.
- Geração X (1965-1979): Esta é a geração nascida frente a revoluções sociais, numa nova realidade de ruptura dos antigos padrões: filhos de pais divorciados, ou de pais em que ambos trabalhavam fora. Eles foram os primeiros a contemplar a mulher independente, em num novo papel social e econômico. Foi uma geração nascida durante o surgimento de novas tecnologias como o videocassete, os primeiros vídeo-games e o computador pessoal. Em alguns países, testemunharam uma série de crises e demissões em grandes corporações, o que os levou a ter uma personalidade mais resiliente e são mais confortáveis mediante a imprevisibilidade. Outro fato pontual é que foi esta geração a responsável por moldar e criar as ferramentas com as quais as pessoas se comunicam atualmente: gigantes da internet como Google, Youtube e Amazon foram criadas por pessoas da geração X.
- Geração Y (1980-2000): também conhecida como “Millennials”, é considerada uma das gerações mais “antenadas” do mercado. Segundo as definições em geral, são ambiciosos, autocentrados, exigentes, confiantes e acreditam poder mudar o mundo. Por ser uma geração criada em novo conceito de comunicação – instantânea – por conta da internet e das redes sociais, tendem a ter uma visão mais imediata dos eventos, priorizando o que proporciona resultados no curto prazo. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas, tornando mais natural a troca de emprego e busca de novos desafios. Caso queira explorar mais informações sobre essa geração, não deixe de conferir esse infográfico em inglês estruturado pela Goldman Sachs.
- Geração Z (2001 a 2014): De acordo com a pesquisa da Box 1824 com a McKinsey, a geração Z é nativa digital, ou seja o primeiro grupo de indivíduos que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem internet. Um grupo hipercognitivo, capaz de perceber múltiplas realidades, presenciais e digitais, ao mesmo tempo. Eles estão mais interessados do que qualquer outra geração em discussões sobre raça e etnia, direitos humanos, questões LGBTI e feminismo.
O que normalmente gera conflitos entre as diferentes gerações?
Com base nesses recortes, podemos ver que cada geração se comporta de maneira diferente por conta do contexto histórico, econômico, cultural e tecnológico. As diferentes influências moldam os comportamentos no ambiente de trabalho, como podemos ver no quadro abaixo, com destaque para as 3 principais gerações que compõe os quadros das organizações hoje:
Apesar do quadro acima representar a geração Z, ela já representa 20% da população no Brasil. Hoje, ela exerce uma enorme influência em pessoas de todas as idades e faixas de renda – tanto na forma como as pessoas consomem como no modo como se relacionam com as marcas. Em breve, eles irão também influenciar diretamente as relações de trabalho e a cultura organizacional.
Dentro deste contexto, podemos ver que cada geração tem expectativas diferentes sobre o trabalho, bem como diferenças nos estilos de comunicação, como eles usam a tecnologia, o que os motiva e como lidam com os outros em posições de autoridade. Essas diferenças, se não forem resolvidas, podem levar a sérios mal-entendidos e conflitos. Entretanto, muitas vezes seus valores e necessidades são os mesmos, como mostra essa pesquisa da IBM. Ou seja, se atuarem em colaboração, o potencial criativo dos Boomers, Xs e Millennials pode ser enorme.
Como diz Dennis Jennedy (fundador e CEO da National Diversity Council): “Conhecer a diversidade geracional é fundamental para organizações a fim de ter vantagens competitivas e fazer impactos positivos na moral, produtividade e reação dos funcionários”.
Mas quais as vantagens de ter diferentes gerações trabalhando juntas?
A Forbes revelou que 85% das empresas acreditam que a diversidade geracional resulte em maior inovação de ideias. Outra pesquisa também publicada na Forbes, trouxe dados significativos:
- Equipes inclusivas tomam melhores decisões de negócios até 87% do tempo.
- Equipes que seguem um processo inclusivo tomam decisões duas vezes mais rápido com metade das reuniões
- Decisões tomadas e executadas por equipes diversas geraram resultados 60% melhores.
Porém, a pesquisa da Amcham Brasil (citada no início desse texto) revelou que, apesar das dificuldades, 70% dessas empresas ainda não realizam ações para facilitar essa integração multigeração.
8 dicas para lidar com esse tipo de conflito
Para gerir de maneira mais eficaz esses tipos de conflitos, listamos algumas dicas que podem lhe direcionar:
- Adapte sua estratégia de recrutamento
Se você quer se beneficiar da diversidade geracional, você precisa recrutar pessoas de todas as gerações, em muitos casos até mesmo para cargos de lidernaça. Em seus anúncios de emprego, crie sua mensagem para atrair candidatos de diversas idades. Por exemplo, Baby Boomers podem reagir de forma mais positiva às menções aos prêmios da indústria ou a outros sucessos, enquanto os Millennials se preocupam mais com oportunidades de desenvolvimento pessoal e responsabilidade social. Também se certifique de divulgar as vagas através de vários canais, sejam canais online ou programa de “indique um talento”. - Evite viéses inconscientes e estereótipos sobre cada geração
Como já dito aqui nesse artigo, estereótipos tendem a ser nocivos e prejudiciais, gerando desigualdades no mercado de trabalho. Ao invés de tentar pressupor certos tipos de atitude, converse com cada colaborador e aprenda mais sobre suas preferências particulares e estilo de trabalho. - Ouça os funcionários e descubra o que eles querem
Em vez de fazer suposições com base na idade sobre as necessidades dos funcionários, dedique um tempo para ouvir cada funcionário e descobrir o que eles querem. Isso abrirá as possibilidades de comunicação, ajudará você a trabalhar em conjunto com mais eficiência e engajamento. - Customize sua abordagem para cada funcionário
Todo mundo gosta de ser valorizado e essa é uma dica muito importante para minimizar potenciais tensões gerada pelos conflitos. Após conhecer os funcionários e saber como cada trabalha, delegue situações que valorizem suas habilidades positivas, potencializando os talentos de cada um. - Adote diferentes formas de comunicação
O estilo de comunicação tende a ser os dos grandes traços e diferenças entre as gerações. Por isso é importante desenhar uma estratégia que preveja diferentes canais. Enquanto colaboradores mais tradicionais optam por ligações, muitos jovens costumam se comunicar digitalmente por meio de SMS, Whatsapp ou Slack. - Melhore suas técnicas de feedback
Como já falado aqui nesse artigo, a forma como cada geração lida com a informação e comunicação é diferente. Enquanto gerações mais jovens tendem a responder melhor aos feedbacks contínuos (mesmo que em pequenas partes), outros preferem momentos mais formais, em encontros individuais e pessoais. A adoção de uma abordagem personalizada não apenas deixará os funcionários satisfeitos, mas também facilitará um feedback efetivo e significativo. - Crie grupos diversos para o cumprimento de tarefas
Bater na tecla da diversidade nunca é demais, pois ela vai ser fundamental para bons resultados na sua empresa. Ao criar equipes de projeto com idades diversas, você pode aproveitar os pontos fortes de cada geração, ao mesmo tempo em que incentiva os membros da equipe a colaborar e construir relacionamentos uns com os outros. Apesar de parecer pouco provável, na Austrália 89% dos funcionários já preferem trabalhar com colegas de diversas idades. - Estabeleça práticas de retenção de funcionários
A rotatividade é custosa e, muitas vezes, coloca uma pressão adicional sobre equipes no período em que a vaga está sendo substituida. Algumas das estratégias mais eficazes para reter talentos incluem a promoção do trabalho em equipe, a melhoria da comunicação e a construção de um programa de mentoria.
Conte com a Blend Edu nesse desafio
Como especialista em diversidade, a Blend Edu pode lhe ajudar a conscientizar os colaboradores sobre a importância da empatia e de um olhar mais inclusivo no dia a dia. Por exemplo, fizemos um workshop de 4h para o grupo de trainees contratados em uma das maiores universidades privadas da América Latina abordando: “6 hábitos de pessoas altamente empáticas”, atingindo uma alta avaliação do treinamento.