Esse artigo foi elaborado para destacar os principais pontos sobre o tema Diversidade apresentados durante o evento Gupy Conecta, do qual a Blend Edu foi parceira oficial. Este artigo mostra os highlights da mentoria “Diversidade na OLX”, facilitado por Sergio Povoa.
Sergio Povoa é responsável pela área de Recursos Humanos da OLX. Ele participou como facilitador da mentoria da OLX no Gupy Conecta, a maior maratona online de conteúdos de RH da América Latina. Abaixo, compartilhamos este case de diversidade da OLX, com os destaques da sua fala, que reuniu experiências e aprendizados da empresa e do RH na área Diversidade e Inclusão.
A OLX percebeu que, por mais que o quadro de colaboradores fosse diverso, a inclusão não era efetiva na empresa – por exemplo, quando o nível dos cargos era observado, a diversidade diminuía. Além disso, só a cota de inclusão no mercado de trabalho não era suficiente sem formação e treinamento. Afinal, inclusão é muito mais que um número, trata-se da cultura empresarial e do contexto social, principalmente no país.
Alguns indicadores no Brasil:
- Somos o quinto país mais violento para mulheres no mundo;
- De acordo com o FMI, seriam necessários 95 anos para que mulheres e homens atingissem situação plena de igualdade no país;
- Segundo dados do IBGE de 2013, 6,2% da população brasileira têm algum tipo de deficiência;
- A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado;
- Apenas 6% dos negros têm diploma universitário;
- A ONU afirmou em 2019 que das 16,2 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, 70,8% são afro-brasileiras;
- 10% da população brasileira é LGBTQIA+;
- A cada hora um LGBTQIA+ é vítima de violência física no Brasil e a cada 26 horas um gay é morto.
Nesse cenário, a OLX criou o coletivo de diversidade “NÓS”, composto por 10 colaboradores de diversas áreas da empresa, com o objetivo de facilitar que as pessoas sejam quem elas são na empresa. O primeiro passo foi realizar um dia fora da empresa para pensar missão, objetivo principal e primeiras ideias e alinhar expectativas.
Pilares do “NÓS”
- Atrair: desenhar e implementar processos que nos aproximem das comunidades e suporte para candidatura de diferentes raças e classes sociais;
- Desenvolver: projetos de desenvolvimento focados em diversidade;
- Recompensar: estudos sobre desigualdade de gênero e plano de ação para eliminar desvios;
- Engajar/incluir: desenvolver atividades ao longo do ano todos sobre diversidade, incluindo todos os colaboradores, com o olhar mais atento para as minorias.
Algumas ações do “NÓS”:
- Dia da visibilidade trans;
- Campanha: Carnaval da Diversidade;
- Sororidade nos banheiros;
- Campanha: O mês é todinho dela!;
- Rodas de conversa: Isolamento social e quarentena;
- Campanha: Dia internacional contra a LGBTfobia;
- Roda de conversa: construindo um futuro antirracista;
- Posicionamento oficial da companhia em relação ao Black Lives Matter;
- Celebração: Dia da mulher negra latino-americana e caribenha;
- Todos os eventos da companhia tem interpretação em libras;
- Campanha mãos que falam: para inclusão de deficientes visuais;
- Adaptação dos escritórios;
Diversidade não pode mais ser só uma bandeira do RH, a liderança precisa vir junto. Não é só uma questão de contratação, é uma questão de gestão de pessoas, de ajudar as pessoas a crescerem e se desenvolverem profissionalmente. Apesar dos profissionais de RH estarem na ponta, é preciso de uma transformação na cultura organizacional e de engajamento da diretoria.
Em relação a equidade racial, por exemplo, não é mais possível somente não ser racista, mas é mais do que necessário, principalmente no ambiente empresarial, ser antirracista e lutar para um ambiente mais diverso e inclusivo. É preciso ampliar a visão de diversidade para além dos números, dos indicadores, há um poder de transformação social gigantesco e a gente tem que começar a olhar para as pessoas para além do ambiente de trabalho, para a vida delas, para mudar realmente a estrutura social, afetiva. Porque no fundo estamos tá falando de segurança psicológica, das empresas realmente serem esse porto-seguro, onde as pessoas se sintam confortáveis de um jeito que, muitas vezes, ela não se sentem fora e em alguns casos nem em casa.
É preciso respeitar também como a pessoa se identifica, o processo de identificação dela. Acontecem casos, por exemplo, da pessoa ter uma deficiência mas não se enxergar assim ou não se aceitar e não é responsabilidade da empresa forçar a entrada do colaborador em uma caixinha, na caixinha da diversidade. Por isso, ainda é tão difícil criar indicadores de diversidade, por exemplo, no processo seletivo, porque é preciso respeitar como as pessoas se identificar, o anonimato, o não querer por exemplo se identificar em relação à gênero, sexualmente, racialmente etc. São problemas estruturais da nossa sociedade, que refletem no mundo corporativo e a gente precisa entender como lidar.
Sergio termina revelando que o grande desafio de 2021 na OLX é pegar as defasagens no mercado e equalizar dentro da organização.